Numa aldeia nas montanhas da Etiópia, um rapaz e uma moça se apaixonaram e se casaram.
Por algum tempo foram perfeitamente felizes, mas então os problemas chegaram à casa deles.
Começaram a ver os erros um do outro nas pequenas coisas – ele a acusava de gastar muito no mercado, ela o acusava de estar sempre atrasado.
Não se passava um dia sem uma discussão sobre dinheiro, sobre trabalho doméstico, sobre amigos.
Às vezes ficavam tão bravos que gritavam, berravam impropérios e iam para a cama sem se falar, o que só piorava as coisas.
Depois de alguns meses ela achou que não agüentava mais aquilo e procurou um juiz velho e sábio para pedir o divórcio.
– Por quê? – perguntou ele. – Há menos de um ano que se casaram. Não ama seu marido?
– Sim, nós nos amamos, mas as coisas não vão nada bem.
– Como assim, não vão nada bem?
– Ah, brigamos muito, ele faz coisas que me irritam.
Deixa roupas espalhadas pela casa toda, corta as unhas do pé na sala e deixa pelo chão, chega tarde em casa.
Sempre que eu quero fazer alguma coisa, ele quer fazer outra.
Não podemos viver juntos.
– Entendo – disse o velho juiz.
– Talvez eu possa ajudar.
Conheço um remédio mágico que vai fazer vocês se darem muito melhor.
Se eu lhe der esse remédio, vai parar de pensar em divórcio?
– Claro! Gritou ela.
– Qual é o remédio? Me dê!
– Calma – disse o juiz.
– Para fazer o remédio preciso de um fio da cauda de um grande leão que vive perto do rio.
Tem que trazer esse fio para mim.
– Mas como vou conseguir isso?
– exclamou a mulher.
– O leão vai me matar!
– Nisso não posso ajudar – disse o velho, abanando a cabeça.
– Entendo muito de remédios, mas não entendo nada de leões.
Você tem que descobrir um meio.
Vai tentar?
A jovem esposa refletiu longamente.
Amava muito o marido, e o remédio ia salvar seu casamento.
Resolveu buscar o pêlo do leão.
Na manhã seguinte, foi ao rio e se escondeu atrás de uma pedra.
Pouco tempo depois, o leão veio beber água.
Quando viu as patas enormes, ela ficou tremendo de medo.
O leão abriu a boca, mostrando os dentes afiados, e ela quase desmaiou.
Então o leão deu um rugido e ela saiu correndo para casa.
Mas na manhã seguinte ela voltou ao rio, trazendo um saco de carne fresca.
Deixou a carne no capim da margem, a duzentos metros do leão, e ficou escondida atrás da pedra enquanto ele comia.
No dia seguinte, voltou e pôs o pedaço de carne a cem metros do leão; no outro dia, pôs a carne a cinqüenta metros do leão e não se escondeu enquanto ele comia.
Assim a cada dia chegava mais perto do leão, até que um dia chegou tão perto que pôde atirar-lhe a carne na boca.
No outro dia, o leão veio comer em sua mão.
Tremia ao ver os dentes enormes rasgando a carne, mas tinha mais amor ao marido do que medo do leão.
Muito lentamente, ela abaixou-se e arrancou um fio do pêlo da cauda da fera.
Voltou correndo ao juiz.
– Olhe! – gritou ela. – Trouxe um pêlo do leão!
O velho pegou o fio e examinou atentamente.
– Foi muita coragem sua – disse ele.
– E precisou de muita paciência, não?
– Ah, sim – disse ela.
– Agora me dê o remédio para salvar meu casamento!
O velho juiz abanou a cabeça.
– Não tenho mais nada a lhe dar.
– Mas o senhor prometeu!
– exclamou a jovem esposa.
– Então não vê? – perguntou ele com carinho.
– Já tem o remédio de que precisa.
Você estava decidida a fazer o que fosse preciso, por mais que demorasse, para ter o remédio mágico para seus problemas.
Mas mágica não existe.
Só existe a sua determinação.
Você e seu marido se amam.
Se os dois tiverem a paciência, a determinação e a coragem que você demonstrou para trazer esse pêlo do leão, serão muito felizes.
Pense nisso.
E a mulher voltou para casa, com novas resoluções e teve um casamento FELIZ.
Autor Desconhecido