Reflexão

Morador de rua é aceito na Universidade de Harvard

“Enquanto algumas crianças se preocupam com um monstro debaixo de suas camas, passei noites com medo de que um tigre que supostamente vagava pelo lixão pudesse me atacar.”
Quando era criança, Justus Uwayesu morava com a família em Ruanda. A fonte de renda vinha da agricultura e os pais de Justus eram analfabetos, então, todos viviam uma vida bem simples e modesta. Mas tudo mudou em 1994, quando um massacre que visava a exterminação da etnia Tutsi matou 800 mil pessoas em apenas 100 dias. As pessoas tinha suas vidas ceifadas apenas por serem desta etnia e os pais de Justus foram mortos no ataque.
Felizmente o garoto (de apenas 3 anos) e seus irmãos foram resgatados pela Cruz Vermelha e, logo em seguida, passaram a viver com familiares na antiga casa dos pais. “Durante algum tempo, vivemos das colheitas que os meus pais plantaram na sua grande quinta. Comíamos abacate e mamão. Aprendi sozinho a pescar” explicou Justus. Porém rapidamente veio a seca e a fome, obrigando o jovem a sair dali em busca de alimento.
Lutando pela sobrevivência, ele trabalhou para um idoso com a promessa de receber um salário mas o homem apenas explorou Justus e nunca lhe deu nada. Cansado, o jovem pegou o seu irmão e foi embora novamente. “Não havia lugar para mim e o campo de refugiados da Cruz Vermelha desapareceu. Não tinha para onde ir, então acabei morando num lixão”.
Justus passou a morar em uma carcaça de carro e a mendigar para conseguir comer. Dentro de seu coração, ele desejava uma coisa mais do que tudo: “Eu queria ser igual às crianças que via nas ruas uniformizadas a caminho da escola”.
Quando o menino já tinha 9 anos, foi surpreendido por uma mulher que chegou ao local com sacos de pão nos braços e disse “Venha comigo, eu vou te ajudar.” Essa mulher era Clare Effiong, que veio ajudar as crianças deixadas para trás sete anos após o genocídio.
Justus pediu para a estranha realizar seu grande sonho: “As outras crianças pediram dinheiro, mas eu disse a ela que queria ir para a escola”. “Ali, num instante, minha vida mudou para sempre ao pedir um dos direitos humanos mais básicos de todos: a educação”.
Após ser adotado pela mulher ele pode finalmente começar a estudar e teve um desempenho excelente na escola, sendo sempre o primeiro da turma. Graças a sua trajetória escolar impecável Justus conseguiu uma vaga na Universidade mais cobiçada do mundo, Harvard. Ele se formou em Economia.
Grato por ter sua vida transformada, ele pretende ajudar outras crianças com sua ONG, a Seven United, com o objetivo de defender as crianças pobres de Ruanda e ajudá-las a ter acesso à educação.
“Eu era a criança esquecida, mas graças a uma pessoa que, através da sujeira e dos cheiros do lixão de Kigali, viu meu potencial, agora estou em posição de ajudar os outros”.
*(Justus agora sabe que os tigres não vagam pela África)

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