Ser mãe é um desafio em todos os sentidos.
Minha mãe, como todas aquelas mães que fazem jus a este carinhoso chamamento, fez o impossível para superar dificuldades de todos os tipos e manter sua família, da melhor forma possível.
Não foram poucas as vezes em que a vi trabalhando durante o dia, no pequeno armazém com meu pai, e à noite, enfrentar uma nova jornada que se estendia até altas horas da madrugada.
Minha profunda admiração pela minha mãe teve início na adolescência, quando eu comecei a entender que certas coisas só aconteciam na nossa vida, por causa de sua garra e determinação.
Ela era uma pessoa tão prática e tinha tanta fé, que superava o impossível. Lembro que o impossível, para ela não existia. Em certa ocasião, houve, na família, um diagnóstico de retardo mental com aquela indicação de que nada mais havia a fazer. Isso não a deteve, e ela cruzou as fronteiras da nossa pequena cidade do interior, em busca de tratamento. Ao longo de alguns anos, a questão foi revertida, graças a sua fé e determinação. Ao longo da vida passou por muitas outras situações difíceis, nunca se deixando abater.
Quantas dificuldades financeiras ao longo da vida, quantos desafios teve que enfrentar, mas sempre achava um jeito de ir em frente em busca de uma solução.
Adultos, perguntávamos para ela como tinha conseguido superar tantos problemas – dificuldades financeiras e outras tais, e ela respondia com aquela simplicidade de quem não tinha dúvida: – mas não tinha o que fazer minha filha, tinha que continuar trabalhando. Essa era a prática adotada.
Minha mãe era de uma época em que, não havia escola nas regiões rurais distantes. As famílias se cotizavam para pagar uma professora, cedendo, uma peça onde funcionava a sala de aula. Minha mãe teve sua experiência escolar por apenas três meses e a professora foi embora, sem que outra quisesse ocupar a vaga deixada.
No entanto, isso não a impediu de prosseguir se esforçando, sozinha, para aprender. Conseguiu ler e escrever, claro que com nenhum primor. Encontrava muita dificuldade na leitura e escrevia com uma letra bem disforme e com erros, mas era suficiente para se defender. Nunca teve oportunidade de voltar aos estudos e lamentava isso.
Passou valores a todos seus filhos, conduzindo-os a um futuro de fé e possibilidades, transformando a mim e meus irmãos em adultos dignos, honrados e voltados para o bem.
Dia desses, lembrando dela pensei, qual teria sido a melhor lição que ela nos deixou.
A resposta aflorou nitidamente: ela sempre fez tudo o que pode pelos seus filhos, sem medir esforços e sem se preocupar com qualquer retorno que pudéssemos lhe dar.
Num vislumbre compreendi a maior e mais importante lição:
Seu exemplo de amor puro e desinteressado.
Pois, servir sem esperar qualquer reconhecimento ou gratidão
Essa é a essência do verdadeiro amor!
A Aprendiz
Vivendo e aprendendo.