1. Você mesmo
Lembrese de que você mesmo é:
o melhor secretário de sua tarefa,
o mais eficiente propagandista de seus ideais, a mais clara demonstração de seus princípios,
o mais alto padrão do ensino superior que seu espírito abraça e a mensagem viva das elevadas noções que você transmite aos outros.
Não se esqueça, igualmente, de que:
o maior inimigo de suas realizações mais nobres,
a completa ou incompleta negação do idealismo sublime que você apregoa,
a nota discordante da sinfonia do bem que pretende executar, o arquiteto de suas aflições
e o destruidor de suas oportunidades de elevação.
— é você mesmo.
André Luiz
(Mensagem retirada do livro “Agenda Cristã” psicografia de Francisco Cândido Xavier)
2. Vítimas de nós mesmos
Quantas pessoas do nosso convívio conseguem nos tirar do sério? Quantas pessoas que conhecemos, conseguem nos fazer perder a paciência?
Frequentemente usamos dessas expressões para justificar nossa descompostura ou desequilíbrio, ao culpar fulano ou beltrano.
Agora nos resta perguntar por que alguém consegue fazer-nos perder a paciência, ou por que alguém é capaz de provocar uma mudança em nossa atitude.
E esses nossos descontroles cotidianos acontecem em qualquer ambiente.
Algumas vezes na família, outras tantas no trabalho. Ou, ainda, nas corriqueiras relações sociais.
E sempre estamos a justificar que a culpa é de alguém. Sempre estamos prontos a explicar que se não fosse essa ou aquela pessoa agir desta ou daquela forma, nada disso aconteceria.
Colocamos a culpa do descontrole em alguém, em algo e, ao nos tornarmos vítimas da situação, nada nos resta a fazer, pois afinal, o problema está nos outros e não em nós.
Mas, será que somos apenas reféns das situações, e realmente nada podemos fazer a não ser reagir a elas?
Lembremo-nos da última contenda, da última discussão na qual nos envolvemos. Nada poderíamos ter feito para evitála? Nada estava ao nosso alcance para que a situação fosse minimizada?
Recordemo-nos do nosso último desentendimento familiar. Será que a maneira como agimos e nos comportamos realmente era a única possível?
Ao fazermos essa breve análise, claro fica que poderíamos ter tido outras atitudes.
Poderíamos nos calar em algum momento, ao invés de soltar a palavra ácida e corrosiva. Poderíamos buscar o entendimento ao invés da provocação.
Poderíamos suavizar o tom de voz ao invés dos arroubos no falar.
Porém, se optamos por agir de outras maneiras, não foi culpa de ninguém, nem de situação nenhuma. Foi apenas uma opção pessoal.
Poderíamos ter pensado antes de falar, refletido antes de agir, mas preferimos a reação à ação. Enquanto a reação é irrefletida e calca-se nos instintos, a ação é atitude pensada e amadurecida na reflexão.
Desta forma, ao dizer que perdemos a paciência, ao constatar que saímos do sério, somos responsáveis por essas atitudes. E, apenas vítimas de nós mesmos.
Jamais poderemos justificar que alguém nos faz perder a paciência. Ao contrário, somos nós que não temos a paciência suficiente para a situação que se apresenta.
Ou ainda, de maneira nenhuma poderemos acreditar que algo ou alguém nos faz sair do sério, nos faz perder a compostura.
A atitude tomada é sempre uma opção de cada um que, perante tal ou qual situação, não consegue ou não quer comportarse de maneira mais digna ou melhor.
Assim, não mais nos permitamos ser vítima de nossas próprias atitudes ou reações.
Reflitamos antes do agir, pensemos mais detidamente antes de falar e, acima de tudo, compreendamos que todas as nossas relações sociais, por mais difíceis que nos pareçam, são lições abençoadas no aprendizado do amor ao próximo.
Redação do Momento Espírita.
3. Ganhar
“Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” JESUS.(MARCOS, 8:36.)
As criaturas terrestres, de modo geral, ainda não aprenderam a ganhar. Entretanto, o espírito humano permanece no Planeta em busca de alguma coisa. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamento para a vida eterna.
Recomendou Jesus aos seus tutelados procurassem, insistissem…
Significa isso que o homem se demora na Terra para ganhar na luta enobrecedora.
Toda perturbação, nesse sentido, provém da mente viciada das almas em desvio.
O homem está sempre decidido a conquistar o mundo, mas nunca disposto a conquistar-se para uma esfera mais elevada.Nesse falso conceito, subverte a ordem, nas oportunidades de cada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma usála na aquisição da doença destruidora; se consegue amealhar possibilidades financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios.
O Mestre Divino não recomendou que a alma humana deva movimentarse despida de objetivos e aspirações de ganho; salientou apenas que o homem neces sita conhecer o que procura, que espécie de lucros almeja, a que fins se propõe em suas atividades terrestres.
Se teus desejos repousam nas aquisições factícias, relativamente a situações passageiras ou a patrimônios fadados ao apodrecimento, renova, enquanto é tempo, a visão espiritual, porque de nada vale ganhar o mundo que te não pertence e perderes a ti mesmo, indefinidamente, para a vida imortal.
Francisco Cândido Xavier
Da obra: Caminho, Verdade e Vida. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Capítulo 58. Rio de Janeiro, RJ. FEB.
4. Orgulho e vaidade
Procuremos, agora, ilustrar, entre os defeitos que mais comumente manifestam-se em nós, o orgulho e a vaidade. Busquemos tranqüilamente conhecê-los, tão profundamente quanto possível, sem mascarar os seus impulsos dentro de nós mesmos. Entendamos que a tolerância começa de nós para nós mesmos. Assim, o nosso trabalho de prospecção interior é suave, e não podemos nos maldizer ou nos martirizar pelos defeitos que ainda temos. Vamos, então, traz ler aos níveis de nossa consciência aquelas manifestações impulsivas que nos dominam de certo modo, e que, progressivamente, desejamos controlar.
Vejamos, então, como identificar em nós o orgulho e a vaidade.
Orgulho
“Aquele que fio encontra a felicidade senão na satisfação do orgulho e dos apetites grosseiros é infeliz quando fio os pode satisfazer, enquanto que aquele que fio se interessa pelo supérfluo se sente feliz com aquilo que, (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Livro Quarto. Capítulo 1. Penas e Gozos Terrenos. Parte dos comentários à resposta da pergunta 933.).
“O orgulho vos induz a julgardes mais do que sois, a não aceitar uma comparação que vos possa rebaixar, e a vos considerardes, ao contrário, tão acima dós vossos irmãos, quer em espírito, quer em posição social, quer mesmo em vantagens pessoais, que o menor paralelo vos irrita e aborrece.
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo Q Espiritismo. Capítulo IX. Bem-aventurados os Brandos e Pacíficos. A Cólera)
As principais reações e características do tipo predominantemente orgulhoso são:
a. Amor próprio muito acentuado: contraria-se por pequenos motivos;
b. Reage explosivarnente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento;
c. Necessita ser o centro de atenções e fazer prevalecer sempre as suas próprias idéias;
d. Não aceita a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo;
e. Menospreza as idéias do próximo;
f. Ao ser elogiado por quaisquer motivos, enche-se de uma satisfação presunçosa, como que se reafirmando na sua importância pessoal;
g. Preocupa-se muito com a sua aparência exterior, seus gestos são estudados, dá demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal;
h. Acha que todos os seus circundantes (familiares e amigos) devem girar em torno de si;
i. Não admite se humilhar diante de ninguém, achando essa atitude um traço de fraqueza e falta de personalidade;
j. Usa da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas.
Compreendemos que o orgulhoso vive numa atmosfera ilusória, de destaque social ou intelectual, criando, assim, barreiras muito densas para penetrar na realidade do seu próprio interior. Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito de ordem familiar, limitações da sua formação escolareducacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade da imagem que escolheu para si mesmo, do papel que deseja desempenhar na vida de “status”.
E preferível nos olharmos de frente, corajosamente, e lutar por nossa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores: os tesouros eternos que “a traça não come nem a ferrugem corrói! “.
Vaidade
“O homem, pois, em grande número de casos,é o causador de seus próprios infortúnios; mas, em vez de reconhecê-lo, acha mais simples, menos humilhante para a sua vaidade, acusar a sorte, a Providência, a má fortuna, a má estrela, ao passo que a má estrela é apenas a sua incúria.”
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo V. Bem- aventurados os Aflitos. Causas Atuais das Aflições.)
A vaidade é decorrente do orgulho, e dele anda próxima. Destacamos adiante as suas facetas mais comuns:
a. Apresentação pessoal exuberante (no vestir, nos adornos usados, nos gestos afetados, no falai demasiado);
b. Evidência de qualidades intelectuais, não poupando referências à própria pessoa, ou a algo que realiza;
c. Esforço em realçar dotes físicos, culturais ou sociais com notória antipatia provocada aos demais;
d. Intolerância para com aqueles cuja condição social ou intelectual é mais humilde, não evitando a eles referências desairosas;
e. Aspiração a cargos ou posições de destaque que acentuem as referências respeitosas ou elogiosas à sua pessoa;
f. Não reconhecimento de sua própria culpabilidade nas situações de descontentamento diante de infortúnios por que passa;
g. Obstrução mental na capacidade de se autoanalisar, não aceitando suas possíveis falhas ou erros, culpando vagamente a sorte, a infelicidade imerecida, o azar.
A vaidade, sorrateiramente, está quase sempre presente dentro de nós. Dela os espíritos inferiores se servem para abrir caminhos às perturbações entre os próprios amigos e familiares. É muito sutil a manifestação da vaidade no nosso íntimo e não é pequeno o esforço que devemos desenvolver na vigilância, para não sermos vítimas daquelas influências que encontram apoio nesse nosso defeito. De alguma forma e de variada intensidade, contamos todos com uma parcela de vaidade, que pode estar se manifestando nas nossas motivações de algo a realizar, o que é certamente válido, até certo ponto. O perigo, no entanto, reside nos excessos e no desconhecimento das fronteiras entre os impulsos de idealismo, por amor a uma causa nobre, e os ímpetos de destaque pessoal, característicos da vaidade.
A vaidade, nas suas formas de apresentação, quer pela postura física, gestos estudados, retórica no falar, atitudes intempestivas, reações arrogantes, reflete, quase sempre, uma deformação de colocação do indivíduo, face aos valores pessoais que a sociedade estabeleceu. Isto é, a aparência, os gestos, o palavreado, quanto mais artificiais e exuberantes, mais chamam a atenção, e isso agrada o intérprete, satisfaz a sua necessidade pessoal de ser observado, comentado, “badalado”. No íntimo, o protagonista reflete, naquela aparência toda, grande insegurança e acentuada carência de afeto que nele residem, oriundas de muitos fatores desencadeados na infância e na adolescência. Fixações de imagens que, quando criança, identificou em algumas pessoas aparentemente felizes, bem sucedidas, comentadas, admiradas, cujos gestos e maneiras de apresentação foram tomados como modelo a seguir.
O vaidoso o é, muitas vezes, sem perceber, e vive desempenhando um personagem que escolheu. No seu íntimo é sempre bem diferente daquele que aparenta, e, de alguma forma, essa dualidade lhe causa conflitos, pois sofre com tudo isso, sente necessidade de encontrar-se a si mesmo, embora às vezes sem saber como.
O mais prejudicial nisso tudo é que as fixações mentais nos personagens selecionados podem estabelecer e conduzir a enormes bloqueios do sentimento, levando as criaturas a assumirem um caráter endurecido, insensível, de atitudes frias e grosseiras. O Aprendiz do Evangelho terá aí um extraordinário campo de reflexão, de análise tranqüila, para aprofundar-se até as raízes que geraram aquelas deformações, ao mesmo tempo que precisa identificar suas características autênticas, o seu verdadeiro modo de ser, para então despir a roupagem teatral que utilizava e colocarse amadurecidamente, assumindo todo o seu íntimo, com disposição de melhorar sempre.
Manual Prático do Espírita – Ney Prieto Peres
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