Se ser aprovado em um concurso para juiz já é difícil até para quem se dedica apenas aos estudos, imagina aquelas pessoas que ainda precisam trabalhar duro em outra profissão enquanto estudam?
Este é o caso da Juíza Adriana Maria Queiróz, que nasceu em uma família humilde de Tupã, a 450 km de São Paulo. Filha de retirantes do sertão da Bahia, desde cedo a vida de Adriana foi de muita luta.
Estudante de escolas públicas, ainda jovem ela sentiu vontade de fazer faculdade e cursar Direito movida pelo desejo de combater as injustiças. Aos 18 anos conseguiu ser aprovada em uma faculdade privada mas a família não tinha condições de pagar a mensalidade.
A única alternativa encontrada pela magistrada para realizar seu sonho foi trabalhar como faxineira na Santa Casa de Tupã, conciliando o serviço com os estudos.
Porém o salário era insuficiente para pagar os altos valores da faculdade. Sem saída ela foi até o diretor do curso pedir uma bolsa.
“Fui até faculdade e procurei o diretor do curso de direito. Falei dos meus sonhos e que não poderia deixar passar aquela oportunidade. Vendo o meu empenho, ele me concedeu uma bolsa de 50% nas mensalidades e ainda parcelou a matrícula, o que possibilitou eu fazer o curso”, lembra.
Além de todas as dificuldades financeiras e precisando se dedicar muito mais que a maioria dos colegas, Adriana também tinha que lidar com o preconceito. Ela virou alvo de zombaria de pessoas, que a ridicularizavam por estudar Direito e trabalhar na limpeza.
Ela já escutou coisas absurdas como “seu lugar é limpando o chão e não na faculdade, ainda mais a de Direito.” Felizmente a hoje magistrada ignorou as baboseiras alheias, permaneceu na sua luta e concluiu a graduação – a única entre seus irmãos a se formar no ensino superior!
Com o diploma me baixo do braço, Adriana se mudou para a capital paulista com dinheiro contado e a esperança de arrumar um novo trabalho. O objetivo era fazer o curso preparatório para se tornar juíza, porém, ela teve dificuldade em arrumar uma vaga de emprego e seu dinheiro estava acabando.
“Vi meu sonho ruindo, mas busquei ajuda com o diretor do curso e fui atendida. Ele acreditou em mim e me ofereceu um trabalho como auxiliar de biblioteca, além de bolsa integral”, lembra.
Após finalizar o curso, Adriana continuo trabalhando e estudando por conta própria, incluindo finais de semanas e feriados. Depois de 7 anos, ela conseguiu realizar o que muitos achavam impossível e se tornou, enfim, Juíza!
Atualmente a magistrada lançou um livro que conta com detalhes a sua jornada, compartilhando dicas com o leitor. A obra batizada de “Dez passos para alcançar seus sonhos – a história real da ex-faxineira que se tornou juíza de Direito”, é uma forte inspiração para qualquer pessoa que enfrenta dificuldades.
Uma linda história de força e dedicação que merece ser compartilhada!