Para as últimas gerações pode ser difícil entender que no passado as crianças enfrentavam diversas dificuldades para estudar e, infelizmente, muitas eram obrigadas a abandonar os estudos.
Dona Maria Nascimento é uma pernambucana de 73 anos que parou os estudos aos 10 anos de idade:
“A escola era muito longe de casa. Morávamos em uma fazenda e meu pai tinha que nos levar a pé. Saímos de casa às 8h para entrar às 13h. E voltávamos tarde da noite”.
Mesmo com todas as dificuldades, Maria sempre teve gosto por aprender e, ainda criança, sonhava em voltar as aulas.
“Eu vivia com papel e lápis nas mãos. Gostava de brincar de ser professora e pedia aos meus pais para voltar à escola”.
Maria se casou com apenas 16 anos de idade logo em seguida deu a luz ao primeiro de três filhos. Nesta época ela tentou novamente voltar aos estudos mas foi proibida pelo marido:
“Meu marido não concordava que eu estudasse. No início ele dizia que eu tinha que cuidar das crianças e da casa”, relembra.
Nesta época as mulheres eram educadas para serem submissas, questionar o marido era algo mal visto. Por isso Maria aceitou, se submetendo a vontade do esposo.
Porém ela sempre nutriu em seu coração a esperança de um dia concluir os estudos e finalmente esse dia chegou.
Em 2017, após se aposentar, Dona Maria ingressou no primeiro ano do ensino fundamental por meio do EJA (Ensino para Jovens e Adultos) com 68 anos de idade.
“Falavam que, quando eu chegasse no curso, onde teriam mais jovens, eles ririam de mim”, lembrou.
Porém, a maldade contida nessas palavras não se tornou realidade: “Ao me apresentar, contei para os professores e para a diretora sobre meu receio de que rissem de mim, e tanto elas quanto os outros alunos me acolheram”.
Contrariando as pessoas que menosprezaram seus esforços, em 2021, Dona Maria finalmente terminou o ensino médio. E ela não parou por aí: Hoje ela faz o curso técnico em Recursos Humanos e se prepara para ingressar no ensino superior.
Podemos tirar duas bonitas lições da história de Maria.
A primeira é que nunca é tarde para a realização de um sonho, enquanto há vida tudo vale a pena!
E a segunda lição é que estudar é um privilégio. Ensine seus filhos e netos a valorizarem a oportunidade.