A história da brasiliense Marilene Lopes é daquelas conquistas inspiradoras que merecem ser contadas e recontadas para trazer esperança aqueles que estão na batalha.
Inicialmente Marilene, mãe de 5 filhos, ganhava apenas R$ 50 por mês catando latinhas em Brazlândia:
“Nunca tinha nem fruta para comer. Eu me lembro que passei um ano com uma só calcinha. Tomava banho, lavava e dormia sem, até secar, para vestir no outro dia. Roupas, sapato, bicicleta. Nunca tive uma bicicleta”, contou.
A mulher já havia trabalhado como agente de saúde e doméstica, mas perdeu os empregos por ter precisado faltar para cuidar dos filhos.
Sem dinheiro para comprar sapatos, os filhos de Marilene não podiam mais entrar na creche por conta dos pés sujos, então, ela comprou um carrinho de mão para levá-los e, na volta, catava latinhas de alumínio – as guardando no carrinho. Mas o dinheiro era curto e todos passavam fome.
Então, após fazer uma cirurgia e ser obrigada a parar de trabalhar por 25 dias, ela decidiu estudar para um concurso de nível médio do Tribunal de Justiça.
“Minha mãe disse que, se eu fosse operar, ela cuidava dos meninos, então fui para a casa dela. Minha mãe comprou uma apostila para as minhas irmãs, aí dei a ideia de formarmos um grupo de estudo. Íamos de 8h às 12h, 14h às 18h e de 19h às 23h30. Depois eu seguia sozinha até as 2h”, explica.
E felizmente essa guerreira conseguiu ser aprovada, passando de uma renda mensal de R$ 50 para um salário de R$ 7 mil.
“Dei uma flutuada ao ver o resultado. Pedi até para minha irmã me beliscar.”
Marilene conta que não sente vergonha de seu passado, muito pelo contrário, tem orgulho da mulher incrível que é: “Mesmo quando minhas colegas passavam por mim com seus carros e riam ao me ver catando latinhas com o meu carrinho de mão eu não sentia vergonha. E meus filhos têm muito orgulho de mim, da nossa luta. Eles querem seguir meu exemplo.”
“Foi muito difícil. Hoje, contar parece que foi fácil, mas eu venci”, finalizou Marilene Lopes.