Carl Jung
A maioria que começa uma jornada de desenvolvimento pessoal tem uma visão romântica de como esse processo funciona: Normalmente a gente imagina que vai ter muita força de vontade todos os dias, vai acordar as 5 da manhã feliz e radiante, fazer todas as coisas de modo perfeito (como programado), se relacionar bem com todas as pessoas e teremos um futuro de conto de fadas, felizes para sempre. Afinal, basta seguir o plano.
Daí chega aquela coisa que sempre azeda os nossos sonhos mais ingênuos, aquela coisinha chamada realidade. Então, a força de vontade vira força de vontade de ficar na cama, não conseguimos fazer o nosso planejamento, brigamos com nosso vizinho e tudo fica um caos. A maioria desiste por aí e volta pro esquema antigo. Agora, quem continua tentando entender o que acontece, inevitavelmente vai perceber que os planejamentos não dão lá muito certo por nossas incapacidades, coisas mal resolvidas que temos dentro de nós. E quando descobrimos que o problema é a gente, começamos a ver que nossas incapacidades atuais são influenciadas pelo nosso lado obscuro.
Segundo a psicologia analítica de Carl Jung, o arquétipo da sombra representa “o lado sombrio” de sua personalidade, um submundo feroz da alma onde você armazena a parte mais primitiva de si mesmo. Há o egoísmo, os instintos oprimidos, os traumas de infância, as decepções que nos envenenam e os sonhos que nunca se realizaram. Esta é a parte que está enterrada nas camadas mais profundas do seu ser. A sombra é o arquétipo do lado sombrio da sua alma.
Essa ideia representa a personalidade oculta que todo ser humano possui. Do lado de fora, a maioria de nós (e nós também acreditamos) somos pessoas boas e amigáveis. Mas algumas partes de nós são suprimidas. Esses são instintos herdados que às vezes escondem violência, raiva, ódio e inveja.
A maioria das pessoas discordará dessa realidade de forma imediata, emocional, sem nem tentar uma auto analise antes. Mas quanto mais ignoramos este lado, mais somos dominado por ele sem perceber. Nossas piores motivações e ações são disfarçadas para nós pela nossa própria mente: o nosso ego sempre deseja nos proteger e, para isso, cria lógicas falsas para validar e justificar nossas atitudes. Quer um exemplo? Quando sentimos inveja de alguém, é natural nossa mente projetar defeitos na outra pessoa para desqualifica-la e fazer com que nos sintamos melhores. Por isso pessoas que são dominadas pela inveja vivem desqualificando os outros, elas estão tentando apenas se sentir bem com o próprio sentimento de inferioridade.
Nenhuma árvore pode crescer ate o céu sem que suas raízes desçam ate o inferno.
Car Jung
Quase todos estão cegos para o seu lado sombrio e fazem as coisas sem pensar direito nas próprias motivações. Mas, depois que se tem consciência deste lado, é natural tentar silenciar o lado sombrio. E isso também não é o que Jung recomenda.
Ele diz que é nosso trabalho na vida nos aceitar plenamente e integrar nossa “sombra” em nossa personalidade. Desta forma, podemos estar cientes disso e trabalhar face a face com ela. Ignorar e permitir que permaneça no inconsciente pode nos privar do equilíbrio e da chance de sermos felizes. Se escondermos nossos demônios interiores, eles se tornarão mais violentos. Se os silenciarmos, eles eventualmente nos controlarão. Eles vão retratar uma imagem de nós mesmos que não gostamos ou discordamos.
Na medida que vamos nos tornando mais autoconscientes é assustador se deparar com nossas piores motivações.
Eu admito para você que, muitas vezes, é difícil olhar para mim mesma e ver motivações que eu preferia que não existissem. Mas apenas com esta percepção eu consigo controlar estes sentimentos antes deles se tronarem atitudes.
Se nós não tivéssemos esse lado sombrio seria muito fácil ser uma pessoa correta e perfeita. É este conflito que torna nossas virtudes tão preciosas e apenas controlando e dominando nossos piores impulsos podemos usar nossas maiores capacidades para o bem da nossa família, amigos e comunidade.
“Infelizmente, não há dúvida de que o homem, como um todo, é menos bom do que pensa ou quer ser. Todo mundo carrega uma sombra. E quanto menos é expresso na vida consciente do indivíduo, mais escura e pesada ela é. Se um sentimento de inferioridade é consciente, há sempre uma chance de melhorá-lo. Além disso, está em contato constante com outros interesses, de modo que está constantemente sujeito a mudanças. Mas se for suprimido e separado da consciência, nunca é corrigido. Além disso, provavelmente entrará em erupção em um momento inconsciente. ”
Carl Jung
As pessoas tropeçam às vezes na verdade, mas a maior parte torna a se levantar e continua depressa o seu caminho, como se nada tivesse acontecido.
Winston Churchill
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