Reflexão

A “carta” de despedida de Chester Bennington e a questão do suicídio

Após a morte de Chester um assunto desconfortável e importante ressurge: suicídio. Como identificar se alguém que você ama apresenta sinais suicidas? Confira abaixo:

Chester Bennington, vocalista da banda Linkin Park, cometeu suicídio nesta quinta, 20 de julho, aos 41 anos. Um homem aparentemente feliz, com uma vida confortável, deixou uma linda família (esposa e 6 filhos) amigos e muitos fãs. Chester tinha tudo o que qualquer um poderia querer: estabilidade, um bom trabalho, prestígio e pessoas queridas. Mesmo assim, ele estava sofrendo tanto que decidiu não viver mais.

Claro que a visão acima é simplista, a vida de Chester não se resume em um arco-íris. Seu passado é difícil: ele sofreu abusos sexuais dos 7 aos 13 anos de idade, fato que o empurrou para o uso de drogas pesadas. Por anos ele lutou contra o vício e conseguiu ficar limpo. Mas, em uma entrevista ele desabafou que os traumas de infância ainda o atormentavam.

Seu presente também estava complicado: Após um sucesso impressionante nos anos 2000, atualmente Chester lutava para manter a banda relevante. O último trabalho do Linkin Park estava sendo massacrado pela crítica e por muitos fãs. As músicas não estavam agradando. Mas o drama maior de Chester está no falecimento do seu grande amigo, o músico Chris Cornell que também cometeu suicídio ha 2 meses atrás. No twitter, Chester comentou após a morte de Chris : “Não consigo imaginar um mundo sem você nele.”

Chester também teve dolorosos problemas de saúde. Esses são só os problemas que conhecemos, com certeza existem outros.

O que eu concluí com a triste história de Chester? Aos nossos olhos, algumas pessoas parecem ter tudo e não demonstram motivos para tristezas. Mas, se dermos uma segunda olhada, vemos que muita dor pode existir. Lembranças ruins, traumas, problemas, complexos…

Enfim, todos carregamos muita alegria e muita tristeza.

Alguns de nós conseguem lidar melhor com essas tristezas, outros, infelizmente acabam ficando pelo caminho. Mas, o que fazer para não deixar nenhum ente querido perdido nesse caminho?

SUICIDAS NORMALMENTE DEIXAM SINAIS DE SUAS INTENÇÕES

Segundo a Oficina de Psicologia, os suicidas costumam dar sinais de suas intenções. Esses sinais podem passar despercebidos ou serem mal interpretados.

No caso de Chester, por exemplo, especula-se que o último álbum da banda “One More Light” foi usado como uma carta de despedida pelo músico. Abaixo alguns trechos das músicas:

One More Light/Mais Uma Luz

“Se eles dizem
Quem se importa se mais uma luz se apagar
Em um céu de um milhão de estrelas?
Ela brilha, brilha
Quem se importa quando o tempo de alguém acaba
Se um momento é tudo que somos?
Somos passageiros, passageiros
Quem se importa se mais uma luz se apagar?
Bem, eu me importo”

Nobody Can Save Me/Ninguém pode me salvar

“Mas ninguém pode me salvar agora
Estou segurando uma luz
Estou caçando minha escuridão interna
Porque ninguém pode me salvar”

Shadow Of The Day/A Sombra do Dia

“Às vezes soluções não são tão simples
Às vezes o adeus é o único jeito”

Ainda existe o mito de que quem quer se matar não avisa. Mas, a verdade é que as pessoas só querem matar a dor e tentam pedidos desesperados de ajuda. Quando elas já não conseguem mais lidar com essa dor, botam fim a própria vida.

alguns sinais de alerta

Fique atento a alguns destes sinais:

1) Tornar-se uma pessoa depressiva, melancólica (apresenta uma grande tristeza, desesperança e pessimismo, chora sistematicamente);
Falar muito acerca da morte, suicídio ou de que não há razões para viver, utilizando expressões verbais tais como “Não aguento mais”, “Já nada importa”, ou “Estou a pensar acabar com tudo”;

2) Preparativos para a morte: pôr os assuntos em ordem, desfazer-se/oferecer objetos ou bens pessoais valiosos, fazer despedidas ou dizer adeus como se não voltasse a ser visto;

3) Demonstrar uma mudança acentuada de comportamento, atitudes e aparência;

4) Ter comportamentos de risco, marcada impulsividade e agressividade;

5) Aumento do consumo de álcool, droga ou fármacos;

6) Afastamento ou isolamento social;

7) Insónia persistente, ansiedade ou angústia permanente;

8) Apatia pouco usual, letargia, falta de apetite;

9) Dificuldades de relacionamento e integração na família ou no grupo;

10) Insucesso escolar (por exemplo, quando antes era aluno interessado);

11) Auto-mutilação.

Se alguém que você ama apresenta esses comportamentos procure urgente ajuda profissional. O site Oficina de Psicologia tem um artigo completo de como identificar e lidar com um possível suicida, vale a pena ler: Como ajudar um suicida

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